Existem alguns sinais de ansiedade que podem ser comuns a algumas doenças do foro “físico”, são eles:
- sensação de falta de ar;
- aperto no peito;
- sensação de desmaio;
- suores;
- sensação de aperto na garganta;
- formigueiros;
- palpitações;
- tensão muscular;
- náuseas;
- vontade de ir à casa de banho mais vezes;
- sensação de aperto na garganta;
- dificuldade em manter a concentração;
Claro que todos estes sinais podem ser sintomas de outras doenças, e quando surgem uma primeira vez o ideal é que se faça sempre um despiste médico.
Contudo, no contexto actual, como é que poderemos “rapidamente” avaliar se estes sintomas são ansiedade ou algo mais?
Em primeiro lugar devemos perceber que os sintomas de ansiedade são uma resposta do nosso cérebro, do nosso corpo, ao medo; é uma resposta fisiológica que é comum a todas as pessoas.
Perante o medo o que acontece aos seres humanos?
Imagine que descobre que existe um leão agora na sua sala? Como é que imagina que se vai sentir?
O leão é um animal selvagem, que à partida nos poderá atacar. Se não tiver medo de leões, pense noutro animal, ou em algo que tenha medo.
Então, perante o perigo, quando temos medo, o nosso coração acelera, a respiração também, o corpo transpira, deixamos de ouvir tudo em nosso redor...e porquê?
O nosso corpo está a preparar-se para lutar ou para fugir (a chamada resposta de "flight or fight"). Ficamos apenas focados no motivo do medo, deixamos de ver ao nosso redor.
Perante uma situação de medo o cérebro “manda” a libertação de hormonas do stress (como o
cortisol https://itspsychology.com/stress-hormones/), que fazem acelerar todo o nosso corpo para estar mais activo: por exemplo, o coração dispara para levar mais sangue para as pernas porque vamos precisar delas para correr, é por isso que as pessoas ficam “pálidas e geladas de medo”, o sangue está mais nas pernas, desce e a cara fica branca e gelada.
Outro exemplo, quando estamos com medo temos vontade de ir à casa de banho, porque, biologicamente, se tivermos que lutar ou fugir será mais fácil se o intestino e a bexiga estiverem vazios, mais leves!
O medo é uma reposta muito primitiva do ser humano, está presente desde o tempo das cavernas, é protector! Era o medo que nos mantinha vivos dos predadores; existem medos, inatos, que funcionam desde sempre para nos protegerem!
Mas, agora, perguntam vocês, não existem leões que nos queiram comer; e então, como fazemos com este medo que estamos a sentir?
O problema é quando o medo não é visível.
Quando o medo é conhecido os sintomas aparecem, nós lutamos ou fugimos e fica resolvido, ele cumpre o seu objectivo.
Quando o medo é de algo que não conseguimos ver, quando é algo que o ser humano desconhece, os sintomas podem durar mais tempo até agirmos.
No momento actual, no caso do “vírus”, este medo pode ajudar, por exemplo, os profissionais de saúde a prepararem-se melhor para enfrentarem as adversidades; se estivessem relaxados não estariam tão atentos e concentrados.
Este medo, mesmo para as pessoas, os outros cidadãos em casa, permite que as pessoas mantenham o isolamento social, por terem noção do perigo; é o medo que faz com que se protejam; isto também é uma resposta em relação ao medo, uma resposta de protecção!
Contudo, quando o medo é exacerbado e prolongado no tempo, sem nenhuma acção da nossa parte, se continuamos a sentir os sintomas de forma permanente, o nosso corpo entra em exaustão deixamos de pensar direito e só apetece “fugir”, não nos deixa pensar e ficamos em “pânico”, “crise”...
Então, o que poderemos fazer para controlar este medo?
Aprender a controlar o nosso corpo e a nossa mente!
Se o medo provoca um aumento da frequência respiratória e aumento da resposta de stress, podemos através de exercícios de respiração reduzir essa frequência e reduzir essa resposta.
Mas como?
Quando inspiramos numa situação de tensão (o ar entra nos pulmões, as hormonas do stress aumentam, é como se houvesse uma injecção de cortisol e adrenalina (hormonas do stress) no nosso corpo.
Assim, se estamos com a respiração acelerada, imaginem a quantidade de “stress” que está a entrar no vosso corpo.
Quando expiramos (libertamos o ar), as hormonas do stress reduzem, aumentam as hormonas de relaxamento; a expiração é um dos nossos “ansioliticos” naturais.
Então, a respiração ideal para reduzir a ansiedade é aquela que tem um tempo de inspiração mais reduzido e um tempo de expiração mais lento.
Mais do que uma respiração “abdominal” ou “diafragmática”, que é extremamente importante porque ajuda essencialmente no “relaxamento” do nervo vago, também responsável por estes sintomas todos; a respiração abdominal é um tipo de respiração que precisa de ser treinada e demora mais tempo a colocar em prática (mas treinem que vale a pena!); contudo, este tipo de respiração mais simples que expliquei, anteriormente, permite, mesmo para aquelas pessoas sem treino, executar de forma mais simples e sentirem ansiedade a reduzir.
Se fizer esta respiração (juntamente com abdominal se já está treinado) sentirá que os sintomas, se forem se origem ansiosa, irão diminuir, progressivamente o corpo retoma à calma.
Este tipo de respiração poderá ser utilizado como um treino diário, quantas mais vezes treinar mais fácil será a sua utilização e mais rápidos serão os efeitos.
Por outro lado, esta respiração, como disse, activa a resposta de relaxamento do corpo, é um excelente “ansiolitico” natural, sem contra-indicações ou risco de sobredosagem, que qualquer um de nós pode utilizar nesta fase para estar mais relaxado!
Então:
INSPIRE RÁPIDO E EXPIRE DEVAGAR E LENTAMENTE!
sinta o seu coração abrandar, os músculos a relaxar, o peito a ficar mais leve, os músculos da garganta a relaxarem, e o pensamento a ficar mais claro, sinta-se a RE-LA-XAR!
Um dia relaxado para tod@s!
Ana Paulico
Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde / Psicoterapeuta